O HOMEM QUE TRANSFORMOU A VALENCIANA NUMA REFERÊNCIA DE LISBOA E DEIXOU UM LEGADO DE PAIXÃO PELA SUA TERRA E PELA SUA GENTE.
Luís Videira, um nome indissociavelmente ligado à história de Campolide, faleceu aos 83 anos, deixando uma marca profunda na freguesia que tanto amava. Natural de Cornes, em Vila Nova de Cerveira, chegou a Lisboa ainda jovem e rapidamente se enraizou na comunidade de Campolide, onde se tornaria um dos seus maiores embaixadores.
Desde o início da sua jornada, a sua vida foi uma verdadeira história de dedicação, trabalho árduo e paixão pelo que fazia. Aos 13 anos, Luís Videira deixou a sua terra natal para seguir para Lisboa, onde iniciou a sua trajetória no restaurante A Valenciana, no coração de Campolide. O que começou como um simples trabalho de funcionário, transformou-se numa missão de vida. Com o tempo, a sua visão empreendedora, o seu espírito inovador e a sua incansável dedicação ao negócio permitiram-lhe alcançar uma posição de destaque na gastronomia de Lisboa. Em 1965, assumiu, ao lado da sua esposa, Maria Teresa Videira, a responsabilidade pela churrasqueira A Valenciana.
O seu empenho e trabalho árduo foram essenciais para a consolidação do restaurante, que, graças à sua gestão, se tornou um dos mais emblemáticos de Lisboa, conhecido pela excelência do seu frango de churrasco e pela sua hospitalidade ímpar. Em 1970, após vários anos de trabalho dedicado, Luís Videira tornou-se sócio maioritário do restaurante e gerente, papel que exerceu com enorme paixão e profissionalismo. A sua liderança inspiradora fez crescer o negócio, e A Valenciana, que começou com poucos lugares, passou a contar com centenas de lugares e dezenas de funcionários, consolidando-se como um verdadeiro ponto de referência em Lisboa.
Mas Luís Videira não era apenas um empresário de sucesso. Ele foi também um homem de valores sólidos e generosos. Apesar de ser natural do Minho, considerava-se, acima de tudo, campolidense de coração. Tinha uma forte ligação à freguesia de Campolide, onde trabalhou, viveu e ajudou a comunidade a prosperar.
Para ele, Campolide era mais do que um bairro; era a sua casa, o seu porto seguro. Mesmo depois de ter passado a gestão do restaurante para o seu filho, Homero Videira, continuava a ser uma presença assídua no estabelecimento, acompanhando de perto o seu legado e o seu crescimento. Luís Videira sempre fez questão de manter um vínculo forte com a sua comunidade e com a terra que o acolheu. Ele era um exemplo de dedicação e compromisso, tendo sempre em mente o bem-estar da sua equipa e da sua clientela. A sua generosidade, humildade e espírito acolhedor faziam com que todos os que com ele trabalhavam ou que o conheciam se sentissem parte de uma grande família.
Os seus ensinamentos, tanto na vida pessoal quanto profissional, foram fundamentais para todos os que tiveram o privilégio de trabalhar ao seu lado. Em 1978, atravessou o Tejo e adquiriu a Quinta Valenciana, em Fernão Ferro, no Seixal, onde desenvolveu um empreendimento que se tornaria um importante centro de eventos, sendo palco de almoços e convívios das casas regionais, especialmente do Alto Minho. A Quinta foi inaugurada em 1983, e a sua dedicação à sua terra natal foi reconhecida através da criação deste espaço, onde os laços da comunidade valenciana puderam ser reforçados.
O impacto de Luís Videira foi além do seu restaurante e da sua quinta. Ele também foi um ativo membro da comunidade valenciana, sendo sócio da Liga dos Amigos do Concelho de Valença em Lisboa, e esteve sempre envolvido nas atividades que uniam os valencianos radicados no centro e sul do país.
Em 2019, em reconhecimento ao seu trabalho e ao seu contributo para a comunidade, recebeu a Medalha de Mérito Municipal de Valença, uma das maiores distinções da sua terra natal. Hoje, ao recordarmos a sua vida e o seu legado, celebramos um homem que transformou um sonho numa realidade e que, com o seu trabalho, fez de Campolide um lugar melhor.
Luís Videira é um exemplo de perseverança, resiliência e amor à sua terra. O seu espírito e o seu legado permanecerão sempre vivos nas memórias de Campolide, e A Valenciana será, para sempre, um símbolo da sua dedicação e do seu compromisso com a qualidade, e da sua paixão pela arte de bem servir.
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