Projetado por Carlos Mardel, o Aqueduto das Águas Livres é uma obra monumental do século XVIII e foi, até ao século XX, uma peça fundamental do abastecimento de água à cidade de Lisboa. O seu troço mais conhecido é o viaduto do vale de Alcântara, que estabelece a ligação entre as encostas de Campolide e de Monsanto atravessando toda a freguesia.
É composto por 14 arcos em ogiva, onde se destacam o Arco Grande – o mais imponente e mais complexo de toda a obra. Com 65 metros de altura e 29 metros entre pegões está considerado o maior arco ogival do mundo, e foi assim concebido para permitir a passagem da ribeira de Alcântara, um pequeno curso de água com origem na Brandoa que corre sob a Avenida de Ceuta desde meados do século XX, quando foi canalizada em toda a extensão que atravessa a cidade.
O viaduto, ex-libris da freguesia de Campolide, acabou de construir-se em 1744, sobreviveu sem danos de maior ao terramoto de 1755 e está classificado como monumento nacional desde 1910. A parte superior desta monumental obra de engenharia inclui duas passagens que permitem a travessia a pé de e para Monsanto e que, na década de 30 do século XIX, foram palco de uma série de crimes imputados a Diogo Alves, que assaltava e atirava as vítimas do alto do aqueduto. Diogo Alves seria, por estes crimes, condenado à morte, em 1841, tornando-se o último criminoso a quem esta pena foi aplicada: em 1867, Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a pena de morte. Em finais do século XIX, o aqueduto perdeu parte da importância que tinha na rede de abastecimento de água, com o início da exploração do rio Alviela, mas continuou em funcionamento até 1967, altura em que foi desativado.
Balneário
Localizado junto ao parque florestal de Monsanto e ao Aqueduto das Águas Livres, numa zona de pequenas moradias, o balneário público do bairro da Serafina foi inaugurado em 1949, para melhorar as condições de higiene das populações, objetivo que se mantém nos dias de hoje. Na entrada do balneário destaca-se a escultura de baixo-relevo “Sereia” (1949) de Jorge Barradas.
Comando Polícia Municipal
A Polícia Municipal (PM), sediada na Rua Cardeal Saraiva, é um serviço da Câmara Municipal de Lisboa, criada a 12 de setembro de 1891, equiparada a direção municipal, assente num modelo de estrutura hierarquizada e constituída por pessoal com funções policiais da Polícia de Segurança Pública. A PM de Lisboa tem um estatuto próprio, diferente das demais polícias municipais.
A sua principal missão é contribuir para a qualidade de vida os cidadãos, fiscalizando o cumprimento das leis e regulamentos nas áreas da sua competência, cooperando com as forças e serviços de segurança na manutenção da ordem e tranquilidade públicas das comunidades que servem e regulando, fiscalizando o trânsito e melhorando a circulação de veículos nas vias públicas dos respetivos municípios.
Escola Mestre Querubim Lapa
Foi na ocasião da segunda intervenção de um dos mais relevantes ceramistas portugueses do séc. XX, Querubim Lapa (1925-2016), em 2006, na Escola Básica de Campolide que se mudou a sua designação para Escola Mestre Querubim Lapa. Nesse ano inaugurou-se um painel cerâmico abstrato na fachada da escola, na linha do que foi executado pelo artista na Escola António Arroio. A primeira intervenção no edifício da freguesia ocorreu em meados dos anos 50, a primeira obra maior de Querubim Lapa, “As Meninas e os Meninos”. O revestimento do muro divide a escola em duas partes, uma para meninos e outra para meninas. O painel ilustra figuras de crianças de desenho e cores a gosto do artista. O azulejo, da Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, é aqui suporte de pintura. Na época a obra chamou a atenção da PIDE, que apareceu a fazer perguntas sobre o seu trabalho.
Estação de Campolide
Começaram-se a discutir as obras em 1883. Na época, divulgadas pelo Diário de Notícias, tais novas semearam esperanças entre as classes menos abonadas. Porque Sintra era um sonho distante para muitos lisboetas. Porque, para quase todos, a cidade morria ali mesmo, aos pés da ribeira da Rabicha. Mesmo Benfica ficava muito longe. Os trabalhos começaram, precisamente em Benfica, no dia 31 de agosto de 1883. E Campolide nunca mais voltaria ao que tinha sido. A estação instalou-se em plena Rabicha. O comboio subiria o vale, vindo de Alcântara, cruzaria algumas pontes sobre a ribeira, acompanhando o curso de aqueduto, virando depois para S. Domingos de Benfica. A ligação com Alcântara estava pronta em 1886.
Um ano depois, já os comboios apinhados de curiosos podiam seguir para Sintra e via Cacém, para Torres Vedras. Mas foi o túnel do Rossio trouxe o comboio até à cidade, facilitando as ligações. O túnel desembocaria à beira da estação de Campolide. Começaram as escavações, a meio da encosta que sustentava a velha povoação, em maio de 1887.
No ano seguinte entrou em funcionamento a linha entre Xabregas e Benfica e em 1891 o túnel e a Estação do Rossio, assim como as duas concordâncias até Braço de Prata e Sete Rios. Entre 1995 e 1996, foi modernizada e construída uma nova estação de Campolide e feita a correspondência entre as duas margens do Tejo, de Campolide a Pinhal Novo. A estação conta também com uma torre de controle datada de 1940 e desenhada pelo Arquiteto Cottinelli Telmo.
Igreja Paroquial
A igreja de Santo António de Campolide, foi construída sobre as bases de uma antiga capela setecentista da Nossa Senhora da Penha, integrada nas casas da Quinta da Torre, de Estevão Pinto de Morais Sarmento, guarda-joias de D. João V. Em 1858, o então proprietário vende as casas ao Padre Carlos Rademaker, fundador do Colégio de Campolide, dedicado a Maria Santíssima Imaculada, ou Imaculada Conceição, invocação que passou para a capela. A nova igreja foi inaugurada a 30 de abril de 1884. A quando da extinção do colégio jesuíta, em outubro de 1910, pelo governo da Primeira Republica, a igreja foi encerrada e utilizada como depósito da Farmácia Central do Exército. Foi por esta altura que desapareceu o recheio jesuítico, incluindo a imagem da Imaculada Conceição. Em 1938, a igreja retomou a atividade pela irmandade de Nossa Senhora do Rosário e Senhor Jesus dos Passos da Via Sacra, mas no final desse ano foi criada pelo cardeal patriarca D. Manuel Cerejeira, a paróquia de Santo António de Campolide. A estrutura da igreja imita a estrutura das igrejas das Ordens Mendicantes Portuguesas. No interior, não apresenta sinais ricos que a enobreçam e distingue-se apenas pelo aspeto geral comum às construções jesuíticas do século XVI, como é o caso da Sé Nova de Coimbra. Os vitrais dos vãos das capelas são da época da fundação e foram reparados em 1938. O trabalho de marcenaria das balaustradas é apreciado e tido como único em igrejas de Lisboa.
Mesquita Central de Lisboa
Dois anos antes da criação da Comunidade Islâmica, em 1966, surgiu a ideia de edificar uma mesquita em Lisboa. Após o movimento de descolonização português e da guerra civil que se seguiu nas antigas colónias portuguesas, a partir de 1974, o número de muçulmanos aumentou em Portugal. Depois de ser aceite a proposta de doação de uma parcela de terreno com 2760 m2 pela Câmara Municipal de Lisboa, foi realizada com base nos projetos dos arquitetos António Maria Braga e João Paulo Conceição a construção da Mesquita, seguindo os pareceres da Liga Mundial Islâmica, com sede em Meca. O lançamento da primeira pedra fez-se em 1979, mas só foi inaugurada a 29 de março de 1985 correspondendo ao dia de Rajab de 1405.
A mesquita apresenta uma volumetria de 3 corpos correspondente a 4 pisos, cave e minarete, sendo revestida exteriormente por tijolo de cor ocre. É considerada um templo de arquitetura pós-moderna.
Palácio da Justiça
O edifício onde estão instalados o Tribunal e a Procuradoria das Varas e juízos Cíveis de Lisboa, localiza-se na rua Marquês de Fronteira e foi inaugurado em 1970. A decisão de construir o Palácio da Justiça de Lisboa datava de 1958, mas só em 1962 os arquitetos Januário Godinho de Almeida e João Andresen foram encarregues de o desenhar. As obras começaram em 1967 a cargo da empresa Edifer. A obra concluída seis meses antes da data prevista, tinha como projeto inicial, um conjunto de quatro edifícios dispostos em torno de uma praça, sugerindo um amplo fórum, constavam os tribunais cíveis e criminais, os tribunais superiores e os tribunais de polícia e de execução de penas. Deste plano construíram-se apenas os edifícios do Tribunal Cível e dos Tribunais de Polícia e de Execução de Penas. A execução do projeto dependia da demolição do atual Estabelecimento Prisional de Lisboa, tal não foi efetuado. No interior podem-se observar várias obras de arte, tais como: quatro painéis da autoria de Jorge Barradas executados em 1969, intitulados “A Justiça”, “O Juíz de Fora”, “O Código” e “A Balança”; seis painéis da autoria de Júlio Resende alusivos à “Sapiência”, “Verdade”, “Fortaleza”, “Serenidade”, “Temperança” e “Prudência”; e seis painéis da autoria de Querubim Lapa, intitulados “Adão e Eva expulsos do Paraíso”, “o Direito que possibilita a Paz entre os Homens e as suas glórias”, “Criação de um Código”, “a prática da Justiça apoiada no Direito”, “Espírito da Ordem” e “Temperança”. Em 1971 procedeu-se à colocação, no topo central da Sala de Audiências da 4ª vara cível, de uma tapeçaria da autoria de Amândio Silva, alusiva a “João das Regras e a revivescência do Direito”.
Painéis da Avenida Gulbenkian
Obra de João Abel Manta, artista que se firmou no panorama cultural português a partir do final da década de 40 do século XX, como arquiteto. Questionando a possibilidade monumental do revestimento de azulejo, tendo por base imensos painéis figurativos desmembrados e reaplicados nas paredes, projetou o painel de azulejos localizado na Avenida Calouste Gulbenkian, que se estende numa área de 3300 m2. A obra é composta por ladrilhos policromos e retangulares (14×28 cm) que reproduzem um desenho abstrato com muito ritmo, criado não só pela dinâmica das linhas, mas também pela variação cromática. Os azulejos foram concebidos em 1970 pela Fábrica de Cerâmica Constância e assentados pela Fábrica Sant’Anna, em 1982.
Teatro Aberto
Inaugurado em 1976, na Praça de Espanha, foi produto da criação do Grupo 4, em meados dos anos 60. Este grupo, um dos pioneiros do teatro independente português era composto por Rui Mendes, Morais e Castro, Irene Cruz e João Lourenço. Foi inaugurado com a peça de Brecht, O Círculo de Giz Caucasiano. Em 1982, o Novo Grupo tornou-se a companhia residente do Teatro Aberto. Em 2002, mudou-se para a rua Armando Cortez, na mesma praça. O repertório é sobretudo contemporâneo, constituído por novos textos e novos autores da nova dramaturgia portuguesa e estrangeira. O objeto é a reflexão sobre a situação do homem no mundo.
Juntamente com a Sociedade Portuguesa de Autores, o Teatro Aberto organiza anualmente o Grande Prémio de Teatro Português. Em 2017, recebeu a Ordem da Instituição Pública pelo Presidente da República.